Sinto falta dos finais de tarde de minha juventude. De parar para ver o sol morrer no mar e continuar lá muito tempo depois, conversando ou contemplando. Sinto falta das noites de minha juventude. De parar para ver a lua nascer no mar e continuar lá muito tempo depois, conversando ou contemplando. A violência mudou nossos hábitos, e hoje é raro eu ficar na praia nas horas que mais aprecio, quando o sol se retira e a lua toma o seu lugar. Uma pena. Gostaria de passar mais tardes assim, livre das paredes e cortinas de um prédio empresarial ou mesmo das paredes e cortinas da minha casa. De caminhar descalço na areia com minha família, com uma sensação íntima e muda de felicidade, como às vezes faço quando deixamos Salvador e nos hospedamos numa praia distante. Talvez por isso, gostaria que 2011 me trouxesse, além dos votos de praxe – paz, felicidade, saúde, prosperidade –, um pouco mais de finais de tarde. De ver mais vezes o sol morrendo e a lua nascendo em frente ao mar. Um desejo prosaico, sem dúvida, mas talvez as melhores coisas da vida sejam mesmo as mais prosaicas.
sábado, 25 de dezembro de 2010
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Quero viver mais 200 anos
Hoje, na hora do almoço, estava assistindo a um programa na GloboNews que tinha como convidado um senhor bem magrinho, de aparência fragilizada, cabelos bem brancos e dentes amarelados, com uma guitarra nos braços. Quando a apresentadora conversou com ele, eu reconheci a sua voz, mas ela não correspondia à imagem que tinha na minha frente. Era Beto Guedes. Ou alguém muito diferente do Beto Guedes que conheci em shows, capas de discos e programas de tevê: um sujeito tímido, de cabelos fartos e boa estampa, autor de canções que até hoje eu adoro, como No Céu com Diamantes, Amor de Índio, Canção do Novo Mundo e muitas, muitas outras. Em seguida, ele começou a cantar uma música do pai, Godofredo, chamada justamente Cantar. Tão linda. Fiquei observando Beto Guedes cantá-la com um fio de voz, tão fraquinho e debilitado, e senti um desalento muito forte, que ia além do espanto com o seu profundo envelhecimento.
Percebi, naquele momento, o quanto eu também envelhecera nos últimos anos, e o quanto ainda vou envelhecer até chegar à idade dele, que tem 59. Doeu em mim intimamente constatar que o homem que fui aos 20 ou aos 30 também não existe, ao menos em sua totalidade. Mas... por que a juventude nos é tão necessária? Por que nos apegamos aos seus últimos sinais como um moribundo que se recusa a ceder ao último suspiro? Provavelmente porque sabemos que, como o cineasta Mario Peixoto disse um dia, quando o ponteiro de segundos do relógio avança, ele não está dizendo: mais um, mais um, mais um. E sim: menos um, menos um, menos um. É claro que já acompanhamos outras vezes, sem perceber, o envelhecimento de pessoas públicas, artistas principalmente. Até chegar o dia em que nos damos conta de que aquele eterno galã da novela das oito ou aquela grande cantora de MPB não exibem mais a forma física de outros tempos. A verdade é que eles são espelhos da nossa própria caminhada rumo à decrepitude. Estão ali para nos mostrar o caminho, como se dissessem: se nós ficamos assim mesmo com plásticas e maquiagens, imagine você.
Beto Guedes, contudo, me pareceu mais decaído do que sugeriria a sua idade. Entra aí, claro, a vida desregrada comum aos artistas: noites perdidas, álcool, farras etc. Não importa. Para mim, foi como se tivesse convivido a vida toda com a pessoa de juventude imutável dos meus 16 anos e, naquele momento, me deparasse repentinamente com o quadro que ela escondia no armário, como um improvável Dorian Gray de Montes Claros. Como artista, ele permaneceu no passado, resumindo-se a cantá-lo: Sol de Primavera, O Sal da Terra e um punhado de canções que em nossa memória vão ficar, para usar versos de sua autoria. Não se reinventou, não trilhou novos caminhos. Talvez isso contribua para que a sua performance na tevê seja ainda mais melancólica, o que é uma pena. Ou talvez o meu olhar é que esteja contaminado. Ao expor sua decadência física em público, Beto Guedes nos brinda com o que a vida tem de mais dolorosamente fascinante: a nossa incompreensão, o nosso assombro e a nossa luta vã contra o oblívio. Tempo, quero viver mais 200 anos.
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Correnteza
Às vezes um livro nos faz companhia por tanto tempo que não lembramos da sua existência. Durante anos ele permanece ali, sorumbático e silencioso como um cão abandonado, até que nos damos conta de que sempre esteve lá, esperando a sua vez. Durante anos, Conversa na Catedral permaneceu na minha estante, grande demais para ser ignorado, e talvez grande demais para ser levado a sério como leitura obrigatória. O título me remetia a uma tertúlia de cunho religioso, ambientada numa igreja e tendo padres ou sacristães como protagonistas. Não tinha me dado conta de que guardava em meu gabinete uma obra máxima de Mario Vargas Llosa. Afinal, essa alcunha me parecia mais apropriada a títulos como A Cidade e os Cães (que tenho aqui em sua primeira tradução, ainda com o título Batismo de Fogo), A Guerra do Fim do Mundo ou quem sabe até Tia Julia e o Escrevinhador, romance pelo qual nutro um grande carinho. Após o Prêmio Nobel concedido ao autor peruano, a curiosidade – aguçada pela leitura de O Paraíso na Outra Esquina – ganhou força quando li, nos jornais, reportagens e análises que apontavam Conversa na Catedral como sua obra-prima. Sim, aquele livro de capa verde publicado pela Arx, que conservava na estante havia pelo menos cinco anos e que nunca me dispusera a encarar.
Antes, li Pantaleão e as Visitadoras, divertido mas esquecível, desses romances que, como casos fortuitos, passam por nossa vida sem causar avalanches no nosso espírito. Então, num final de noite, tirei o calhamaço de quase 800 páginas da estante, sentei onde estou agora, e comecei a saboreá-lo. A sedução, devo confessar, foi instantânea. Em pouco mais de 40 páginas, me dei conta de que tinha sido contaminado pelo delírio silencioso. Fui me deixando levar pela vida de Santiago Zavala, o Zavalita, por suas contradições, por seus remorsos ambíguos, pela tentativa que fazia de compreender o próprio fracasso e o fracasso do seu país – no caso, o Peru dos anos 50. Avançando um pouco mais, ficou claro que Vargas Llosa prestava tributo a William Faulkner: seus personagens e diálogos avançavam e retrocediam anos e décadas em instantes, separados apenas por um parágrafo ou nem isso. Iam e vinham, como um bate-papo num boteco, a catedral que dá nome ao livro. Nada de elucubrações eclesiásticas, portanto.
Aos poucos, foram surgindo outros personagens: Ambrósio, Amália, Cayo Bermúdez, Don Fermín, Ludovico, Carlitos, Chispas, Teté, Hortênsia, Queta. Gente comum, como eu ou você, que em dado momento se via arrebatada pela história de um país dominado por militares sem ideais, empresários sem dignidade e arrivistas sem escrúpulos. Um país separado por uma correnteza sem rumo. Numa margem, o presidente Odría, os apristas, comunistas e congêneres. Na outra, uma população sem horizonte, capaz de se agarrar ao cipó mais próximo para não submergir no rio do anonimato. Se por um lado é impiedoso com o seu país, por outro Vargas Llosa refaz o percurso de todos esses párias com um afeto que comove. São tragédias que se sucedem sem redenção à vista, amenizadas por ligeiros lapsos de felicidade fugidia, mas inevitavelmente fadadas ao desenlace trágico. Mais do que um romance político, Conversa na Catedral é um romance de formação – no caso, a de Santiago, que rejeita o dinheiro e o afeto do pai para viver miseravelmente, primeiro como militante comunista e mais tarde como jornalista sem ideais, movido pela inércia, destroçado pela própria inteligência. É um dos personagens mais palpáveis que já conheci nessas andanças por romances e contos vida afora. Vi muito de mim em Santiago, assim como vi muito de pessoas que conheço ou que imagino existirem nos demais personagens.
À medida que fui avançando, Conversa na Catedral me conquistou em definitivo, e em pouco tempo não conseguia atravessar as noites sem passar por ele, ler nem que fossem umas cinco ou seis páginas, relembrar em que momento da trama eu me encontrava. Pesado, exigiu de mim um esforço físico ao qual não teria me dedicado se a recompensa não fosse tão proveitosa. Nos últimos dias, me vi perdendo noites e encontrando posições menos desconfortáveis para avançar por aquele matagal de palavras. Ia dormir entre angustiado e saciado, após 40, 70 ou 100 páginas consumidas. No domingo à noite, após mais umas 130 páginas, finalmente cheguei ao final: “... e depois aqui, acolá, e depois, bem, depois morreria, não, menino?”. Um final lancinante, que me deixou como heranças um travo no peito, uma angústia muda e a incômoda sensação de impotência de quem sabe que essa história cheia de som e fúria não leva a lugar nenhum. Em algum momento do livro, todas aquelas pessoas se depararam com a grande história, esse carro velho e desgovernado que nos leva a reboque sem cerimônia, nos mastiga e nos reduz a nada. Enquanto um novo romance não aparece para flertar comigo, elas permanecem aqui, como espectros desgarrados, povoando meus pensamentos. E eu me sinto invadido por uma ternura imensa.
domingo, 12 de dezembro de 2010
A essência de uma era
De tempos em tempos, volto à série Jazz, de Ken Burns. Uma produção com mais de 12 horas de duração espalhadas por quatro DVDs, que reconstitui a trajetória do mais relevante e complexo gênero musical surgido no século 20, do nascimento aos dias atuais, passando pela era do swing, o bebop, o cool, as experimentações do avant-garde e a decadência quase seguida de morte, quando o rock tomou conta do mundo a partir de meados dos anos 60. Adoro rever sobretudo o último DVD, que aborda o jazz moderno, pós-swing, aquele que Charlie Parker, Thelonious Monk e Dizzy Gillespie erigiram e Miles Davis e John Coltrane elevaram ao Olimpo.
Assistir à série nos permite enxergar o jazz não apenas como um gênero musical, mas também como um fenômeno político, comportamental e sobretudo social. Estão lá a barbárie da Segunda Guerra, a nova conquista do oeste por americanos endinheirados, as manifestações pelos direitos civis e contra a guerra do Vietnã e principalmente o racismo exacerbado e institucionalizado, que cindia a sociedade americana entre anglo-saxões descendentes de ingleses e irlandeses e os que carregavam na pele a descendência de escravos africanos. Algo fundamental para se entender uma música essencialmente de negros, sendo alguns deles os homens e mulheres mais talentosos e singulares do seu tempo. Mas essa é uma observação retrospectiva, despida do calor da hora, da tensão racial do período. Na época, era comum associar músicos de jazz à escória, ao lado selvagem dos bares enfumaçados cheios de viciados e bebuns, onde moças e rapazes de boa família não entravam.
Daí ser impossível dissociar, por exemplo, o sofrimento atátivo na voz de Billie Holiday ou o ensimesmamento agressivo de Miles Davis do contexto racial no qual eles estavam inseridos. Toda a dolorosa vida pregressa de Lady Day e de seu povo está presente na sua obra: basta ouvi-la cantando Strange Fruit, metáfora macabra para os negros enforcados em árvores, das quais pendiam como frutas estranhas. Já Miles tinha muitos motivos para ser um cara durão: chegou inclusive a ser agredido por um policial branco ao sair para fumar no intervalo de um show do qual era a grande estrela. Miles não aceitou o “circulando”, tão comum até hoje nas cidades brasileiras, e foi coberto de pancadas.
Tudo isso está em em Jazz, assim como algumas histórias lindas, que guardam um pouco daquelas pessoas para a posteridade. Lembro agora de algumas delas: o pai de Miles, ao receber em casa o filho que tentava se livrar do vício da heroína, dizendo: “Tudo que posso lhe oferecer é o meu amor”. A resposta de Coltrane, que morreria dentro de alguns meses, ao ser perguntado sobre os seus planos para os próximos anos: “Pretendo me tornar um santo”. Dave Brubeck explicando como sugeriu a Paul Desmond que juntasse dois temas criados em separado para dar forma a Take Five, uma das grandes composições da história do gênero. Louis Armstrong desbancando os Beatles em plenos anos 60 com Hello Dolly, no último suspiro do gênero nas paradas de sucesso. Histórias trágicas também, como a reação aturdida de Charlie Parker ao saber da morte da filhinha Pree, e dos telegramas que passou em sequência para a esposa Chan, cada um mais desconexo do que o outro. Os momentos que antecedem a morte do próprio Bird – drogado, bêbado, depressivo e com o corpo em frangalhos.
A série nos faz acompanhar angustiados ou com um sorriso cúmplice todas essas passagens, ao mesmo tempo em que constrói um rico painel da América, mostrando suas contradições, sua opulência e o fascínio coletivo que o jazz exercia sobre jovens, adultos e velhos naqueles tempos politicamente sombrios e musicalmente solares. O mais importante, no entanto, é perceber que a música nascida em guetos negros, tocada por ex-ladrões e ex-prostitutas, se tornou o gênero americano por excelência e, o principal, a música clássica do século 20.
Uma música que ouço todos os dias, sem cansar, e que descubro a cada novo artista, a cada novo disco desenterrado em lojas ou na internet. O fascínio de um solo quase se evaporando de Lester Young. O dedilhado infinito de Oscar Peterson. A ascese espiritual e musical de Coltrane. A força vital de Blue Mitchell, Lee Morgan, Kenny Dorham. O lirismo de Clifford Brown, que foi embora tão cedo. A sonoridade que se assemelha a um dry martini nos solos de Paul Desmond. A alegria incontida na voz de Louis, que joga por terra qualquer melancolia. A loucura sagrada de Monk. A chama gélida nos solos de Miles, que adoro acima de todos os outros e que ouço agora, nesta noite preguiçosa de domingo.
Uma música que ouço todos os dias, sem cansar, e que descubro a cada novo artista, a cada novo disco desenterrado em lojas ou na internet. O fascínio de um solo quase se evaporando de Lester Young. O dedilhado infinito de Oscar Peterson. A ascese espiritual e musical de Coltrane. A força vital de Blue Mitchell, Lee Morgan, Kenny Dorham. O lirismo de Clifford Brown, que foi embora tão cedo. A sonoridade que se assemelha a um dry martini nos solos de Paul Desmond. A alegria incontida na voz de Louis, que joga por terra qualquer melancolia. A loucura sagrada de Monk. A chama gélida nos solos de Miles, que adoro acima de todos os outros e que ouço agora, nesta noite preguiçosa de domingo.
sábado, 4 de dezembro de 2010
Salute!
E assim se passaram dois anos. No dia 4 de dezembro de 2008, Este Lado do Paraíso chegava ao mundo. De lá para cá, foram 190 postagens, mais de 5 mil visitas (com um recorde de 516 no mês passado), mais de 200 comentários e um grande prazer de escrever o que me vem à mente e de poder expressar as minhas angústias, perplexidades e sonhos de um jeito sincero e pessoal. Não sei aonde esses textos vão me levar, mas agradeço aos leitores e leitoras por seguirem comigo, lendo, comentando, discordando e sugerindo. Incluindo aí os que não conheço pessoalmente, mas que passei a conhecer um pouquinho neste espaço, onde também descobri o quanto muitas de minhas impressões sobre a vida, o mundo, o passado e o futuro são compartilhadas com outras pessoas. E hoje, depois de um mês particularmente conturbado, principalmente no Brasil, em que a realidade invadiu os nossos corações e mentes com fatos estarrecedores exibidos em grande angular nas nossas casas, quero apenas comemorar abrindo um chardonnay bem gelado nesta noite quente de quase verão. Salute! E que a fonte nunca seque.
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Ir embora
Existe um limite de idade para o suicídio? Um ponto de não retorno, no qual o despedir-se voluntariamente da vida não seja mais permitido? Não estou me referindo, claro, a um limite moral, mas a algum tipo de convenção tácita que nos impeça de cometer atitude tão extrema num momento da vida em que não faz mais sentido nos desvencilharmos de tudo que ela nos ofereceu ao longo de tanto tempo. Ou seria justamente o contrário? Nesse sentido, seria absolutamente justo que quem viveu tanto possa se dar ao privilégio de não viver mais, em função das perdas que a velhice traz: doenças graves que se tornam crônicas, depressão eventual, decrepitude física, confusão mental, perda de parentes queridos e por aí vai.
Pensei nisso tudo ao saber que o cineasta Mario Monicelli, de 95 anos, se jogou do quinto andar do hospital em que estava internado. Ele sofria de câncer na próstata, já em estágio avançado, e certamente teria poucos meses de vida, a maioria deles num estado de sofrimento e prostração insuportáveis. Não julgo, muito menos condeno, a atitude de Monicelli. Sua renúncia a enfrentar estoicamente o fim de uma vida longeva e produtiva é legítima. Apenas tento entender o que passou por sua cabeça no momento do salto para a inconsciência. Até que ponto foi um impulso repentino ou até onde mereceu uma reflexão prévia, um ajuste de contas com o próprio passado e a própria existência? Afinal, jogar-se do alto de um prédio é antes de tudo um ato de coragem. Um gran finale antes de cair o pano, mas sem o alento de poder ouvir os aplausos ou as vaias à nossa performance.
De um jeito ou de outro, seja qual for a sua motivação, o suicídio é invariavelmente fruto do desespero, mesmo quando planejado de maneira metódica, pensado e repensado várias vezes para que nada saia errado (tanto que há formas engenhosas de se matar que vão muito além da queda, do enforcamento ou do tiro na testa). Um ato complexo, em suma, que Camus definiu como a grande questão filosófica do nosso tempo e que foi cometido por Ernest Hemingway, Virginia Woolf, Stefan Zweig e Sylvia Plath, para ficar restrito ao universo literário. Como eles, multidões solitárias de anônimos se lançam todos os dias rumo ao olvido movidos por perdas avassaladoras, sobretudo emocionais, mas também – e essas são as que mais me intrigam – morais ou financeiras.
Voltando a Monicelli, acho que essa estranheza que o seu suicídio causou em mim tem a ver com um preconceito velado – e provavelmente involuntário – contra a velhice. Por que, por exemplo, um Kurt Cobain pode se matar aos 24 anos, ainda jovem, belo e com a estrada aberta à sua frente, e Monicelli, já no quilômetro final da mesma estrada, não pode? Para um, heroísmo, para o outro, covardia? Como se aos velhos, principalmente se doentes, fosse proibido o livre-arbítrio. Monicelli deu uma banana para toda essa baboseira, assim como Richard Farnsworth, o magnífico ator de A História Real, que meteu uma bala na cabeça ao se ver com um câncer terminal aos 80 anos, em 2000. Não sei o que pensar, afinal, sobre tudo isso. Não tenho nem mesmo uma opinião formada sobre o suicídio, seja ele praticado na velhice ou na juventude. Sei apenas que é um enigma, como muitos que dão forma à alma humana, e que por mais que investiguemos, permaneceremos na penumbra. Ir-se embora da vida, enquanto tantos querem permanecer, um ano ou mais que seja, por aqui.
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