quinta-feira, 7 de abril de 2011

Um dia




Quando estou muito triste é como se o ar fosse sólido. Como se eu tentasse aspirar concreto. Os pulmões se retraem e os demais órgãos acusam o golpe, trabalhando em dobro. Há uma ferida aqui dentro, oculta não sei exatamente em que ponto da minha anatomia. Talvez tenha início do lado esquerdo da face, que é onde noto sua presença, mas sua extensão e sua profundidade me são desconhecidas. Vontade de ir. De levar quem eu gosto para longe do meu próprio sofrimento. E há o cansaço, pleno e vaporoso, ocupando todos os espaços. Hoje, a dor alheia se junta à minha. Um dia ruim, fechado em si mesmo, refratário a qualquer espécie de alívio.

4 comentários:

Ricardo Ballarine disse...

Cara, que coisa... O que fazer? O que pensar? Força aí, principalmente com a sua filha.

Paulo Sales disse...

Obrigado, meu velho. Mas são sentimentos confusos, uma tristeza pessoal que se junta a essa tristeza coletiva. Um dia muito difícil em vários sentidos.
abs

karla disse...

Lindo esse texto.....
Beijo,

Paulo Sales disse...

Obrigado, Karla.
Um beijo.