quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Herói?
A vida dos outros (Florian Henckel von Donnersmarck, Alemanha, 2007) virou um cult nas locadoras. Sempre que procurava, estava locado. Semana passada consegui a minha cópia. Parecia a princípio um filme político, mas sua essência está nas relações humanas. Ou melhor: na capacidade que certos seres humanos possuem de escapar da própria mediocridade para atingir a grandeza. O soturno e solitário espião Wiesler, do serviço secreto na Alemanha comunista pré-Muro de Berlim, vivido com delicadeza por Ulrich Muhe, poderia terminar como começou: abjeto, intelectualmente tosco e com algumas posses. Terminou quase miserável justamente por ter ascendido como homem, suprimindo o medo e ajudando de forma decisiva um intelectual charmoso e só aparentemente colaboracionista a corroer as entranhas do regime. Enquanto espiona seu alvo, o personagem começa a vislumbrar algo além dos aparelhos de escuta, do ideário comunista e do muro que cinge sua cidade ao meio. Descobre-se no emaranhado de um sistema ineficaz, injusto e corrupto até a medula. (é curioso perceber como o comunismo acabou se tornando tão semelhante ao fascismo que ajudou a derrubar décadas antes). O final do filme é de nos deixar com o coração espremido pelo desassossego. O que Wiesler ganhou com seus atos, se terminou anônimo, na rabeira da pirâmide social? Numa época em que o arrivismo e a falência moral dão as cartas, seus atos podem soar ingênuos, marcados por um heroísmo inócuo, datado e sem sentido. Não interessa se chegamos até aqui, mal ou bem, com um certo grau de bem estar e liberdade individual, por causa de homens como ele.
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Um comentário:
esse já tá passando no Telecine. Ppolarizou já. Adorei ver no cinema.
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