quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
O declínio?
No Iraque, George W. Bush é alvo de sapatos voadores, dos quais desvia a cabeça entre incrédulo e assustado. Em Costa do Sauípe, a tribo heterogênea de caudilhos anacrônicos e líderes democráticos com alguma relevância se reúne para discordar de tudo, exceto fechar questão sobre um único quesito: os efeitos corrosivos da política externa dos Estados Unidos da América. O anti-americanismo na América Latina não é novidade. Mas não estaríamos assistindo ao tão esperado declínio do império americano? A potência até então inabalável não começa a decair, como no início, meio e fim do século passado ruíram os otomanos, britânicos e soviéticos? Difícil imaginar a derrocada, mesmo após a chegada de uma crise ainda não devidamente mensurada e controlada, fruto dos oito anos de desacertos promovidos por um dos presidentes mais incompetentes, estultos e belicistas da história do país. A verdade é que os EUA, neste início de século no qual civilização e barbárie se contrapõem o tempo todo (e você não sabe qual nação representa o quê), se mostram muito mais fragilizados que em outros tempos. O mundo mudou, e hoje o inimigo não tem fronteiras definidas como nos anos de Guerra Fria, quando a ameaça vinha das planícies geladas tingidas de vermelho que ligam o leste europeu ao extremo oriente. Não, o inimigo – maltrapilho e aparentemente frágil – pode estar escondido numa montanha pedregosa num arremedo de nação nos confins da Ásia. Ou – elegantemente vestido com ternos Armani – no seio da própria América, corroendo seu sistema financeiro com operações levianas que mais cedo ou mais tarde tinham que estourar em algum lugar. E nada melhor para representar essa nação ainda atônita com a fraqueza inesperada que o olhar parvo do homem mais poderoso do mundo ao receber as sapatadas do repórter iraquiano. Enquanto isso, os chineses crescem como erva daninha à base de uma brutal desigualdade social, manufaturando quase tudo que o mundo consome. Será o fim inexorável de um ciclo? Um império dando lugar a outro? Pode ser. Mas quem sabe um super-homem negro e sensato venha restituir a glória, mudando como um deus o curso dessa história. Lirismo e ingenuidade à parte, cabe a Barack Obama reverter esse processo, ou veremos por linhas tortas a profecia marxista – o comunismo fatalmente substituindo o capitalismo – se concretizar. Linhas tortas mesmo: de comunistas os chineses só têm a propensão ao autoritarismo.
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Um comentário:
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