quinta-feira, 23 de abril de 2009

Cronicamente inviável

A escória humana veste paletó e gravata, anda de avião e circula ocasionalmente pelos salões do Congresso Nacional. Uma gentinha frívola, assumidamente burra e despida de escrúpulos ou responsabilidades, que só prolifera com a anuência de um tipo de chaga ainda mais grave: o voto dos ingênuos ou dos interesseiros. Ou seja: mais do que um mundo à parte, esse território habitado por lêndeas gordas travestidas de deputados e senadores é na verdade um microcosmo de nossa sociedade estúpida e corrompida, de moral torta, incapaz de se imaginar construindo um país ou mesmo algo que vá além da sua satisfação pessoal imediata. O resultado não poderia ser outro: um Estado cronicamente inviável, celeiro da bestialidade e da barbárie. E quem puder que se agarre ao destroço mais próximo.

3 comentários:

Ricardo Ballarine disse...

Você esqueceu de dizer que esse povo gasta R$ 14 mil em celular por mês - usam como se fosse um aparelho particular. Sem contar que os congressistas do Distrito Federal recebem auxílio moradia e verba para deslocamento aéreo (sic). Isto aqui já era, meu caro...

Claudio Cordeiro disse...

Só discordo de uma coisa. Tornou-se lugar comum falar q a composição do Congresso reflete a sociedade. Creio q seja mais condizente ver esse câncer como reflexo da influência midiática sobre o brasileiro médio e sua consequente construção da ignorância e da indiferença política. Não posso concordar com uma avaliação simplista q considera nossos parlamentares simnples espelho da sociedade. Ando muito de trem, ônibus, converso com todo tipo de gente e não levo a sério a hipótese de 80% dos brasileiros serem bandidos, chantagistas e achacadores profissionais e destruidores da infância e do futuro das nossas crianças como é o caso de 80% dos Parlamentos, sejam municipais, estaduais ou o nacional.

Paulo Sales disse...

Claudio e Ricardo,
Acho que em boa medida vocês estão certos nas suas avaliações. No caso dos abusos cometidos pelos congressistas, como levantou Ricardo, o que não faltam são exemplos do excesso de vigarice e torpeza desses sujeitos (com raras exceções), e se eu fosse listar tudo o post teria umas 300 linhas. Quanto à semelhança entre Congresso e Sociedade, levantada por Claudio, também não vejo um como espelho da outra, mas não dá para negar que a existência de senadores e deputados tão ruins é fruto das nossas (coletivamente falando) escolhas equivocadas, da nossa ignorância política e, nos casos mais graves, da nossa fraqueza de caráter. A influência midiática tem seu papel, mas só ela não constrói um cenário tão desalentador. Também circulo entre as pessoas, ouço-as e converso com muitas delas, e o que frequentemente vejo é um cada um por si deplorável, tentativas toscas de furar filas de banco, gente se tratando de forma grosseira no trânsito, vagas de idosos desrespeitadas, ricos se beneficiando de cotas para pobres, enfim, uma série de abusos graves, embora não tanto quanto os cometidos pelas lêndeas de Brasília. Não sou assim e conheço vocês dois o suficiente para saber que também não são. Mas olhem em volta, vejam a indiferença, a falta de espírito coletivo, os interesses mesquinhos. É claro, Claudião, que 80% do nosso povo não é formado por gente assim, mas existe algo errado numa sociedade que vota tão mal, você não acha? Enfim, precisamos de uma boa cerveja para prosseguir com essa boa conversa.