quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O que restou do país cordial

“Não podemos aceitar o que aconteceu hoje. É um absurdo dizer que a pessoa estava no cumprimento do dever. Matar uma criança de 3 anos, quase matar minha mulher e meu outro filho e sair daqui impune, estar nas ruas de novo, isso não pode acontecer. Acredito até o final na Justiça. Essas pessoas vão ter que pagar pelo homicídio do meu filho. Isso não vai ficar assim. Ainda não acabou.”
Paulo Roberto, pai do menino João Roberto, fuzilado por policiais militares em julho, no Rio.

Quando até um homicídio comprovado - visto por dezenas de pessoas e praticado por uma força diretamente subordinada ao estado - não resulta em nada, é porque o Brasil virou definitivamente um arremedo de nação. Já fomos um país cordial, para o bem e para o mal. Hoje é a torpeza que toma conta, a ausência absoluta de premissas morais. Ou arrastar crianças pelo asfalto e queimar ônibus e carros com pessoas dentro não são flagrantes de uma realidade macabra? Estamos nos tornando cretinos amorais, indiferentes à escória em que estamos enfiados? A realidade, nesse Brasil quase insuportável que habitamos, supera qualquer filme de terror.

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